terça-feira, 24 de julho de 2007

São Bento de Salvador, Bahia, Brasil.

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A OBRA DE TALHA E O RETÁBULO


CONCEITOS:

TALHA: entalhes de pedra ou madeira.
RETABULO: peça que fica atrás da tribuna, do altar, da mesa; parte posterior do altar, onde se colocam as imagens dos santos.

ORIGENS:

Oriundo dos dípticos e trípticos da Idade Média, o retábulo passou a ser usado no Renascimento em forma de mármore e pedra, na Itália, e madeira, na Espanha, resultando em uma grande desenvoltura, desde o gótico, principalmente na arte sacra.

No Brasil, os primeiros retábulos foram feitos de pedra. Com a vinda dos jesuítas passa-se a construir os de madeira. Os mais antigos estão em Pernambuco.

Os retábulos vão ter, de início, um nicho central. Os de madeira são desenvolvidos com vários nichos já que a quantidade de imagens vai se aumentado, principalmente com a vinda de outras ordens e do desenvolvimento do próprio retábulo.


CLASSIFICAÇÃO:


Evidentemente que devemos contar com os tipos originários das épocas gótica e renascentista, mas para efeito de arte sacra brasileira, temos a seguinte tipologia.


1o GRUPO: JESUÍTICO OU RENASCENTISTA. Fins do séc. XVI e início do XVII.

Þ Possui estrutura linear – forma de painel – e os seus ornamentos têm características maneiristas, ou seja, com motivos geométricos. Possui relevo baixo e acanhado porque ainda não se tem muita técnica.
Þ É comum a utilização de elementos fitomorfos, como folhas de acanto, e proporcionará o inicio do uso de elementos da natureza brasileira. Suas linhas de composição são inspiradas nos túmulos romanos do séc. XV.
Þ No topo, apresenta um painel ladeado por caprichosas volutas. Suas colunas são decoradas, sendo 2/3 do fuste em caneluras e o terço restante decorado com elementos fitomorfos, encimados por capitel coríntio e base com mesmas características da decoração.
Þ Tem função plateresca. Ou seja: possuem aspectos que lembram trabalhos em prata, feitos em baixo-relevo.



2o GRUPO: FRANCISCANO, ROMÂNICO ou ESTILO NACIONAL PORTUGUÊS. Meados do séc. XVII e princípio do séc. XVIII.

Þ Representa a consolidação do Barroco.
Þ A coluna se modifica, pois há uma adoção da coluna salomônica, onde o movimento do conjunto é a ascensão em espiral. São as chamadas colunas torsas.
Þ O fuste dessas colunas é decorado com elementos fitomorfos (cachos de uvas, folhas), zoomorfos (aves, principalmente a fênix) e antropomorfos (anjos), todos de inspiração oriental.
Þ O relevo vai encher, ganhando, assim, mais corpo.
Þ Possui características românicas – adoção do arco semicircular no alto da composição em arquivoltas concêntricas, e as colunas colocadas de maneira a formar uma cova em profundidade, ficando o retábulo com aspecto de portada românica. Mas é o escudo que fica por cima que caracterizará o estilo românico. Além dessas características, possui o uso da douração total.


3o GRUPO: BARROCO PROPRIAMENTE DITO. Meados do séc. XVIII.

Þ Sua diferença está no rompimento da composição sempre definida dos retábulos anteriores.
Þ Os elementos decorativos aparecem em maior quantidade, assumindo uma liberdade ao extremo. Os elementos fitomorfos são bastante empregados, atestando o delírio decorativo deste estilo.
Þ Apresenta ainda elementos antropomorfos, com variações de anjos que são espalhados em abundância sobre os elementos fitomorfos, de tal maneira que a marcação geométrica da composição desaparece submersa no excesso.
Þ Surgem também elementos estranhos como peanhas com santos protegidos por dosséis e imitações de cortinas talhadas em madeira.
Þ O artista certamente usou livremente a imaginação, onde as formas surgem de maneira tumultuada.


4o GRUPO: DO ROCOCÓ ao NEOCLÁSSICO. Fins do séc. XVIII e início do XIX.

Þ A estrutura da composição volta-se para uma perfeita definição com reações aos excessos anteriores. É o chamado barroco-rococó.

Þ As colunas salomônicas são substituídas por colunas estriadas e capitéis coríntios. Somente a parte inferior dessas colunas preserva-se torsa e as peanhas são conservadas com santos e dosséis.
Þ As arquivoltas concêntricas são desiguais. Dois planos com uma intermediária côncava. A marcação readquire nitidez, com tratamento minucioso na decoração.

Outras características:

Þ Curvas e contra-curvas;
Þ Concheados;
Þ Penachos tripartidos;
Þ Plumas e folhas cobertas de outro que destaca o fundo;
Þ Aplicação de douramento é usada apenas nos relevos delicadamente talhados;
Þ As superfícies vazias de fundo são pintadas de branco. Efeito de aplicações sobrepostas, o que sugere uma certa dissociação entre os relevos e o corpo da obra devido aos efeitos de cores.



TIPOS DE RETÁBULOS SEGUNDO DOIS AUTORES BRASILEIROS.



Segundo Lúcio Costa:

a) PROTOBARROCO:

Lembra um grande móvel. Possui uma fachada arquitetônica retangular e um entalhamento entre frontão e colunas, fuste, capitel e canelura. As formas são côncavas e convexas, com pinturas (painel) substituídas por esculturas. Pode-se encontrar exemplos desse tipo na Catedral da Sé em Salvador, juntos também com os de “transição”.

b) BARROCO FRANCISCANO:

Colunas torsas (parafuso) revertidas de folhas de acanto, cachos de uvas, cabeças de anjos e cantoneiras. Suas colunas servem de suporte para os arcos. Entre uma coluna e outra há um pilar lembrando portadas românicas. Possui camarim, onde ficam as imagens. Verifica-se, também, a azulejaria.

c) BARROCO DIVERSO:

Colunas torsas. Entre uma coluna e outra se pode notar o nicho com dossel, esculturas e anjos. É mais escultórico e trabalhado, com policromia e atlantes na cantoneira.


d) ROCOCÓ:

Possui dois momentos: o primeiro, com colunas torsas; e um segundo com caneluras ou com guirlandas. Fundo branco ou azul, tons pastéis. Esculturas ainda arqueadas e com maior leveza. Desaparecem os elementos zoomorfos, ficando apenas os antropomorfos.

e) NEOCLÁSSICO:

Pouco escultórico, mais suavizado e com retilineidade. Técnicas escariolli que significa a imitação do mármore a partir da madeira.


Segundo Afonso Ávila:

a) Nacional-português – seria similar ao Barroco Franciscano definido por L. Costa;
b) Joanino – similar ao Barroco diverso trabalhado por L. Costa;
c) Rococó – que acompanha a análise de L. Costa;
d) Neoclássico – que também assume a análise de Costa.

APOIO PARA IDENTIFICAÇÃO ICONOGRÁFICA - Escultura.


1. POSTURALinhas mestras da composição e estilística. Figura de pé ou apoiada em uma perna ou em um objeto. Sentada, onde e como. Ajoelhada. Posição dos braços (trazendo ou não um objeto). Medida da cabeça com relação ao corpo, ou seja: cânone de quantas cabeças. Cabeça voltada para que direção.



2. ROSTO E TRAÇOS FACIAIS2.1. ROSTOOval (simples, afinado no queixo, arredondado, quadrado, alongado, com morfologia triangular determinada pela barba, modelado). Quadrado. Alongado. Redondo, terminado em ponta.



2.2. ORELHACoberta. Descoberta. Parcialmente coberta. Pequena. Grande. Em forma de abano. Alongada.

2.3. CABELOSCurtos. Longos. Caindo em cachos naturais. Com mechas. De formato natural ou estilizado. Partidos ao meio. Caindo sobre os ombros. De penteado arredondado. Com coque. Terminando de forma triangular. Encaracolados. Cacheados. De fios marcados ou não. Com calva, usada por monges.

2.4. SOBRANCELHASArqueadas, retas, finas, grossas, ligeiramente arqueadas.

2.5. OLHOS:Pintados ou de vidro, na cor negra, castanha, verde, azul. Brilhantes ou foscos. De formação oriental. Olhar dirigido para baixo ou para cima. Olhos esbugalhados.

2.6. NARIZReto. Fino. Grosso. Afilado. Arrebitado. Narinas alongadas.

2.7. BOCAPequena. Normal. Grande. Fechada. Entreaberta. Lábios levantados no canto da boca, esboçando um sorriso, Bem desenhada. Lábios grossos, finos, cheios, carnudos.

2.8. QUEIXOFino. Pontudo. Proeminente, com ou sem covinha.

2.9. PESCOÇOComprido. Curto. Roliço, bem torneado. Grosso.

2.10. BIGODE E BARBARalo. Espesso. Terminando em ponta, voltada para baixo ou para cima. Barba longa, curta, partida ao meio, trabalhada em mecha ou em fios; com ou sem mechas encaracoladas, cacheadas. Obs.: Quando sem a barba, diz-se imberbe.

2.11. EXPRESSÃO FISIONÔMICAAlegre. Triste. Contemplativa. Em êxtase. Doce. Plácida. Benevolente. Serena, Resignada, Sofrida.

2.12. CARNAÇÃO:Clara. Escura. Creme-clara. Creme, corada nas faces. Ocre avermelhada. Rósea. Creme-escurecida. Amarelada.

2.13. POSTURA DOS BRAÇOS E MÃOS

2.13.1. Braços separados. Presos ao tórax. Cruzados. Dobrados sobre os ombros em forma de cruz. Inclinados para algum lado. Fletidos simetricamente. Em posição elevada. Caídos. Levantados.

2.13.2. Mãos longas. Curtas. Abertas. Entreabertas. Fechadas. Postas em oração. Com ossos metacarpeanos visíveis. Fechadas segurando ou não um objeto. Dedos roliços. Dedos magros. Dedos flexionados. Atadas uma sobre a outra. Com ou sem covinhas no dorso e unhas definidas. Espalmadas, com dedos abertos ou fechados.

2.14. MEMBROS INFERIORESPernas retas paralelas. Perna direita ou esquerda flexionada. De joelhos. Pernas longas ou curtas, uma ereta ou flexionada. Pés calçados. Calçados com sandálias, deixando ou não os dedos aparentes. Com sapatos. Botas de pano curto ou longo. Sapatos fechados ou abertos. Pés descalços.



3. PANEJAMENTO

3.1. TÚNICATipo de gola. Friso dourado ou pintado. Cintada ou não. Com ou sem nó de duas pontas. Cor. Com ou sem drapeado. Longa ou curta. Pregueamento até os pés (ou não). Roçagante. Cintura blusada. Estufada a ouro ou lisa. Descrição da douração e dos ornamentos: fitomorfa naturalista ou estilizada. Cores. Terminada em zig-zag ou friso. Mangas curtas, longas, bufantes. Punho dourado, deixando aparecer veste interna etc.

3.2. HÁBITO3.2.1. Ordens: carmelita, franciscana, dominicana, beneditina...

3.2.2. Tipos de vestes litúrgicas. Cor. Decoração.


3.3. VÉUÉ o objeto com que se cobre o rosto ou parte dele. Também denominado de Mantilha de freira. Geralmente movimentado e esvoaçante. Pode ser curto ou longo, com ou sem ondulações.


3.4. MANTOPreso por broche. Caindo ou não sobre os ombros e braços. Movimento frontal e posterior. Cor e decoração, inclusive do forro.


3.5. ALVAÉ a veste talar de "pano branco", que fica sob o manto.


3.6. ESCAPULÁRIOÉ a tira de pano que frades e freiras de algumas ordens usam sobre os ombros, pendente sobre o peito.

3.7. MANTILHA DE FREIRA(v. véu)

3.8. PEANHASimples. Chanfrada, com determinada quantidade de lados. Piramidal com determinada quantidade de lados. Aglomerado de nuvens. Composta de globo terrestre envolto em nuvens com ou sem cabeça(s) de anjo(s) disposta(s) de maneira tal. Encimada por almofada com bilros nas extremidades. Baixa octogonal. Faces planas ou inclinadas. Pintura lisa, com ou sem friso dourado. Pintura marmorizada, com determinada cromatização.

4. FIGURAS SECUNDÁRIASTomam-se as medidas e faz-se uma descrição resumida da peça.


5. ATRIBUTOS E OURIVESARIADescreve-se o material de que são constituídos (madeira, ouro, prata, marfim, metal...). Em peças elaboradas de ourivesaria, descreve-se a técnica (se batida, puxada, repuxada, cinzelada, gravada) e o tipo de pedras preciosas ou semipreciosas. Estão incluídos nesta classificação: cajados, cruzes, livros, balanças, espadas, palmas, coroas, resplendores, estandartes...

TÓPICOS SOBRE IMAGINÁRIA BRASILEIRA

Primeiras imagens, primeiros artistas.

As primeiras imagens sacras brasileiras vieram da península Ibérica, e sua evolução terá como fonte principal à história da colônia, que se seguiu com conteúdos econômicos, políticos e socioculturais. A primeira imagem sacra aportada no Brasil foi uma escultura representando N. Sra. da Esperança, trazida por Pedro A. Cabral. Essa imagem desembarcou em Porto Seguro, em 1500, e participou das celebrações da primeira missa. Não fica, entretanto no Brasil, tendo retornado a Portugal, encontrando-se hoje na Quinta de Belmonte.

Posteriormente as imagens foram trazidas pelos missionários jesuítas com a função de catequizar os nativos. Os fidalgos também contribuíram para a vinda de outras peças artísticas ao Brasil. Tudo durante o processo de colonização. São raros os documentos que referenciam a vinda das obras de arte do século XVI.

São poucas as peças que se conservaram até hoje. Isso devido à ação do tempo ou por falta de uma conservação adequada e também pela destruição intencional. Sabe-se que os holandeses, protestantes, destruíram e profanaram igrejas, tanto na Bahia, quanto em Pernambuco, no século XVII.

O pintor holandês Franz Post, no século XVII, retratou em suas telas algumas igrejas sem teto na cidade de Olinda, destruídas por incêndios propositais praticados pelos invasores holandeses. A Sé da Bahia, p. ex., e outras igrejas baianas foram profanadas e tiveram muitas peças destruídas. É possível que valiosas imagens sacras do primeiro período de nossa colonização tenham desaparecido nesses conflitos.
As Primeiras Imagens

As dez imagens, das mais antigas, que possuem documentos relativos à sua chegada no Brasil, são as seguintes:

a) São Francisco: Trazida por Gonçalo Coelho, em 1502, para Porto Seguro, onde se encontra.
b) N. Sra. da Graça: Encontrada por Catarina Paraguaçu, em 1530. Orago da igreja da Graça, Salvador.
c) N. Sra. da Conceição (Virgem de Anchieta): Trazida por Martinho Afonso de Souza. Capitania de S. Vicente, Itanhaém, SP.
d) N. Sra. das Maravilhas: Trazida para Salvador, em 1552, pelo primeiro Bispo do Brasil.
e) N. Sra. da Penha: Trazida por Frei Pedro Palácios, em 1558, para a capitania do Espírito Santo.
f) N. Sra. com o Menino (Venerada como Conceição): Vinda de Portugal ou confeccionada no Brasil, em 1560.
g) Sto. Antônio: 1560, em São Vicente, SP.
h) Cristo Crucificado: 1580. Encontra-se hoje no Museu do Carmo, Salvador, BA.
i) N. Sra. de Guadalupe: 1590. Venerada na Antiga Sé da Bahia. Encontra-se Hoje no Museu de Arte Sacra, Salvador, BA.
j) N. Sra. da Conceição: 15?. Faz parte do acervo da Catedral Basílica de Salvador, BA.

Primeiras Produções Artísticas - Pintura e Escultura.

Na época das Feitorias e durante o ciclo das Capitanias hereditárias, praticamente inexistiram na Colônia manifestações artísticas. Seu aparecimento está diretamente ligado à estabilidade da terra, principalmente com a implantação do Governo Geral na Bahia, em 1549, com a chegada de Tomé de Souza. Os primeiros monumentos surgem na Bahia e logo após em Pernambuco, São Vicente (SP), Paraíba, Espírito Santo e Rio de Janeiro, pontos materialmente mais desenvolvido do território.
Vale lembrar que vieram com Tomé de Souza mestres pedreiros, mestres carpinteiros, serralheiros, canteiros, oleiros, fabricantes da cal etc., mas não consta nome de nenhum artista.
Escultores e pintores, em número reduzido, chegaram alguns anos mais tarde. Em 1560, estava na Bahia o pintor jesuíta Manuel Álvares, onde pintou o frontispício da igreja do Colégio da Bahia. Manuel Sanches, também jesuíta, chegou à Bahia em 1574, e Belchior Paulo, outro talento, foi bastante ativo antes de 1600 na Bahia, Pernambuco e Espírito Santo, onde provavelmente conheceu e retratou o Pe. Anchieta.
Segundo D. Clemente Nigra, as primeiras imagens religiosas feitas no Brasil, foram confeccionadas em barro pelo escultor João Gonçalo Fernandes (ou Viana) em 1560. Morava na Bahia, mas residiu em São Vicente para pagar pena por um delito cometido, e lá na prisão executou as imagens de N. Sra. da Conceição de Itanhaém, N. Sra. do Rosário de São Vicente e um Sto. Antônio para uma fazenda na ilha de Sto. Amaro. Eduardo Etzel, examinando as três peças, acha impossível serem do mesmo autor, devido às diferenças estilísticas e de material. O certo é que inexistem documentos que possam comprovar tal atribuição. De qualquer forma João Gonçalo aparece em documentos antigos como o nosso primeiro escultor.
Ainda no século XVI aparece o nome do arquiteto e escultor Frei Francisco dos Santos que, para D. Clemente, "enriqueceu as igrejas de sua construção com imagens de barro, tanto em Olinda e Salvador, como em Iguaraçu, Paraíba, Vitória e Rio de Janeiro". Não existe, porém, qualquer peça que lhe possa ser atribuída.
Fala-se também na execução de imagens de marfim e madeira, sem, entretanto haver referência aos seus autores. Tudo ou quase tudo vinha de Portugal. Poucas imagens eram produzidas no Brasil, inclusive de qualidade discutível.
Principais artistas e suas épocas.
Séc. XVI:
João Gonçalo Fernandes e Frei Francisco dos Santos.

Séc. XVII:
Frei Agostinho da Piedade (1580? - 1661) - Salvador Ba. Frei Agostinho da Jesus (1600(10) - 1661)
Frei Domingos da Conceição e Silva (1643 - 1718)


SÉCULO XVIII:
Bahia:
Francisco das Chagas, o "Cabra".
Félix Pereira Guimarães (1756-1809)
Manoel Inácio da Costa (1763-1857)
José Antônio de Araújo Lobo (1747-1817).

Minas Gerais:
Mestre Piranga
Francisco Vieira Servas
Antônio Francisco Lisboa (1730(8)-1814)

Pernambuco:
Antônio Splander Aranha
João Pereira
Luís Nunes
Rio de Janeiro:
Manuel de Brito
Francisco Xavier de Brito
Valentim da Fonseca e Silva (1745-1813)


SÉCULO XIX
Bahia:
Manuel Inácio da Costa
Domingos Pereira Baião (1825-1871)
Bento Sabino dos Reis (1763-1843)

Pernambuco:
Manuel da Silva Amorim (1780-1873)


A propagação do culto aos santos teve as seguintes causas:

a) orientação do Concílio de Trento;
b) ação dos religiosos das ordens primeiras: Jesuítas, beneditinas, franciscanas e carmelitas;
c) o grau de religiosidade do povo, o que resultou na proliferação de grande quantidade de imagens, pictóricas e escultóricas nos santuários católicos.

As esculturas sacras variam conforme a época e a região. Isso devido a fatores de ordem econômico-social e geográfica.

As influências sobre as esculturas e pinturas sacras do período colonial brasileiro são evidentemente marcadas pelas culturas lusitana, espanhola, italiana, francesa e oriental - sobretudo de pontos culturais chineses.

As influências indígena e africana inserem-se na troca simbólica do fazer artístico, muito usada pelos missionários, nas feituras de retábulos, sobretudo, e nas fachadas de igrejas jesuíticas.

Do ponto de vista africano fica a marca nas construções de igrejas, como a igreja de N. S. do Rosário, no Pelourinho, em Salvador, que foi construídas por escravos africanos. Todavia, essa questão não se limita à arquitetura, está, também voltada no campo da escultura.

A expansão colonial portuguesa esteve estreitamente ligada à evangelização. Jesuítas, franciscanos, carmelitas, beneditinos e outras ordens, que tiveram papel fundamental na construção de uma arte sacra cristã no Brasil.

Na sociedade brasileira, a educação era monopólio dos religiosos, sendo a ordem jesuíta a que mais se destacou no período colonial - sobretudo entre o início do século XVII e a década de 1760.

A propaganda da Contra-Reforma teve ação modeladora na sociedade brasileira colonial, na qual predominavam os valores religiosos, de caráter rural, onde riscos e pobres se rejubilavam no desejo comum de que a riqueza e brilho embelezassem e se acumulassem nas igrejas.

O culto a imagens sacras prolifera-se no Brasil com o processo da colonização européia devido a dois fatores:
a) O Brasil ser uma colônia que estava sob a égide da igreja;
b) O Brasil vivia sob os auspícios do Estado português, que por seu lado estava ligado à instituição da Igreja Católica.
Daí, do ponto de vista artístico, pode-se concluir que:
a) O Barroco está intimamente ligado à doutrina do Concílio de Trento e à propagação da fé;
b) O Barroco é aristocrático e popular ao mesmo tempo, dada a sua intenção em aproximar-se das camadas populares.
A partir desses tópicos, procurando analisar as épocas, pode-se afirmar que:
a) O século XVII é a fase do autoritarismo, no qual está associada à concepção da hierarquia, o direito de procedência e o grau de manutenção da autoridade;
b) o século XVIII é a fase do ceticismo, ao qual está associada à idéia de liberdade, da concepção racionalista do mundo, que resulta, entre outras coisas, no questionamento e desafio à autoridade.

Portanto, do ponto de vista histórico, sob o prisma religioso, pode-se identificar vários efeitos:

a) Efeitos da Reforma Luterana:
- A escultura e a pintura e a pintura de temática religiosa desaparecem nas igrejas protestantes;
- a valorização de temática realista está voltada para a natureza, para o homem etc.
b) Efeitos da Contra-Reforma:
- Proibição de temas heréticos, irrelevantes;
- profusão de representações, tanto pictóricas, quanto escultóricas da Virgem Maria, dos mártires, santos em estado de êxtase ou meditação;
- qualidade evocativa e instrutiva da arte em relação à fé.
c) Efeitos da arte como veículo de propaganda:
- Iconografia religiosa;
- questão política, sobretudo entre monarcas e aristocracia.
O mecenato artístico do período barroco acontece do mesmo modo que no Renascimento, com a Igreja, a corte e a aristocracia. A novidade está no fato de que na fase do barroco as classes médias começam a desempenhar um papel ativo no campo do mecenato, embora ainda não decisivo - com exceção da Holanda.

No Brasil, além da Igreja, esse mecenato esteve a cargo das elites sociais de senhores rurais, grandes comerciantes e irmandades leigas.

Analisando as implicações religiosas, políticas, econômicas e sociais do Barroco, também se pode concluir que ele está mais ligado aos países católicos do que aos países protestantes; mais ligado inclusive aos países católicos fiéis ao Papa, do que aqueles que, embora católicos, adotaram uma política religiosa mais independente em relação a Roma - a França, p. ex.

No Brasil, a fase colonial, a arte é predominantemente religiosa. Os principais centros produtores são: Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Maranhão, Minas Gerais e Pará - este especificamente a cidade de Belém.

No litoral, foi importante a atuação das ordens primeiras e das confrarias, irmandades e ordens terceiras, sobretudo em Minas Gerais.

No seu estudo sobre arte colonial brasileira, R. Smith estabelece três fases distintas na nossa arquitetura religiosa, a saber: fase missionária, fase monumental e fase mundana. Esta classificação baseia-se na análise de elementos, como por exemplo: planta, fachada, elementos da fachada e interiores. Outros aspectos a serem considerados na análise e classificação da nossa arquitetura colonial são os processos e técnicas construtivas, os materiais empregados, os estilos e influências recebidos.

A primeiras imagens sacras - escultóricas e pictóricas - que ornavam as primeiras capelas eram originárias da metrópole. Inicialmente, os materiais mais empregados eram o barro-cozido e a madeira, devido à facilidade de obtenção da matéria prima. Mais tarde emprega-se também a pedra, o marfim (mais raro) e o metal.

Na produção escultórica dos primeiros séculos predomina o anonimato, cuja causa talvez possa ser explicada pela mão de obra empregada, como também pelo móvel da criação.
Considerando os aspectos essencialmente de ordem técnica podemos estabelecer três categorias para as imagens sacras:

a) imagens eruditas
b) imagens semi-erudita
c) imagens populares.

Pode-se observar ainda variações não apenas relacionada à época, mas também a regiões. Essas diferenciações são determinadas pelo acabamento da escultura, pela policromia e pelo material empregado.

Quanto a uma análise que visa determinar época ou estilos, pode-se tomar como pontos de referência à cabeça e cabelos, a estruturação formal e panejamento, a pintura, a base ou peanha, os materiais empregados.

Além das imagens de culto, tem-se também como exemplos de escultura do período colonial os ex-votos, as figuras de presépio, que se mostram uma tradição ibérica trazida à colônia. Assim como a escultura, a pintura também sofreu influências italianas, flamenga, oriental etc., e também de elementos autóctones. As técnicas empregadas variavam entre a têmpera, óleo, esmalte e raríssimas vezes o afresco. Além dos temas sacros, cujos modelos eram extraídos pela pintura colonial, encontramos temas ex-votivos, retratos, históricos e pastoris. Mas é no século XVIII que a pintura colonial brasileira alcança seu apogeu, sobretudo com a pintura de tetos - embora não sendo uma conquista do barroco -, onde o ilusionismo alcança o máximo de seus recursos. O ilusionismo do barroco fundamenta-se no desejo de atingir o máximo de realismo, de fidelidade e representação vívida e convincente, da natureza ideal. Com ele atinge-se a superação de limitações dos materiais, possibilita uma nova relação entre a obra e o espectador, no qual o espaço não se restringe apenas à obra, pelo contrário, extrapola.

Pode-se também dizer que no barroco se dá a fusão das artes, ou seja, a arquitetura torna-se mais escultural, a escultura mais pictórica e a pintura, por sua vez, mais voltada para as aparências visuais, i.e., enfatiza mais a luz, a sombra e a cor, do que a linha e a forma, resultando com isso uma representação da percepção dos objetos do que no conhecimento dos mesmos.

Caracterização Da Imagem Escultórica Quanto À Época.

a) Séculos XVI/XVII.
- Linha de prumo em relação à cabeça cai ao meio dos pés (simetricamente à imagem);
- maior volumetria na parte inferior;
- anatomia simplificada;
- ausência de emoção - expressão indefinida;
- policromia executada diretamente no suporte, sem aparelhamento;
- panejamento com pregas em linhas retas, sem preocupação com movimento e na maioria das vezes cobrindo os pés;
- olhos pintados, maior valorização da forma em detrimento à decoração;
- atitudes hieráticas;
- peanhas simples.
b) Século XVIII:
- Linha de prumo caindo sobre um dos pés (geralmente esquerdo)
- maior volumetria na parte superior;
- maior domínio de anatomia;
- maior realismo expressivo a exploração de estados de emoção;
- panejamento movimentado em diagonal e pés descobertos;
- simbolismo no uso das cores;
- olhos de vidro, véu com muita movimentação;
- peanhas com anjos, nuvens, serafins e querubins.
- no final deste século, vai haver um alongamento das imagens (7 ½ e até 8 módulos). Como também haverá uma modulação alongada
c) Século XIX:
- Panejamento com movimentação mais contida, mais ao gosto neoclássico:
- gestos e expressão facial retomam a serenidade clássica;
- maior movimento no panejamento que na expressão;
- aumento de quantidade em detrimento de qualidade;
- surgimento das imagens de gesso (produção em série)

Diferenças Regionais


O desenvolvimento da imaginária brasileira colonial esteve em função das condições - e importância - econômica, social e de certa forma cultural das diferentes regiões onde ela se manifestou.
a) Imagens baianas:
- Forte influência portuguesa;
- uso do esgrafiato e delicada pintura sobre ouro;
- exagero na movimentação;
- atitudes dramáticas (influência espanhola)
- mãos expressivas;
- imagens em pedra-sabão.

b) Imagens pernambucanas:
- Mais alongadas do que as baianas;
- ausência de volumetria na parte posterior (costas)
- pouco uso do barro cozido)
- maior esgrafiato que as baianas, e uso de elementos geométricos que fitomorfos;
- policromia em tons mais suaves;
- desenhos contínuos.


c) Imagens paulistas:
- Influência das imagens da Bahia e Pernambuco;
- menor preocupação com policromia;
- intensificação de pequenas imagens de barro cozido paulistinhas.


d) Imagens Mineiras:

- Panejamento mais angular;
- dramatização (influência espanhola)
- grande expoente - Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.