segunda-feira, 23 de julho de 2007

O MUDEJAR E O MOÇÁRABE

(resumo de apontamentos para aula de arte cemiterial)

Mudéjar é uma arte eclética, um estilo carregado do mestiçagem, a junção sábia de elementos do cristianismo e Islamismo. Na estrutura e na distribuição dos espaços os pormenores românicos ou são predominantes, de acordo com o tempo. Mas, a característica definidora desta arte é o uso dos métodos construtivos e materiais da tradição Islâmica, como o tijolo e a cerâmica, das contribuições que originem uma arte excelente que permaneça viva, chegando mesmo, até que as manifestações contemporâneas (estilo a neomudéjar, século XIX), que no Brasil terão lugar na arte cemiterial.

Esse estilo é, em muitos exemplos, puramente moura, outras vezes não conserva de maometano senão o exterior; a técnica ou o ritmo enxertados num organismo setentrional e cristão; falta-lhe alma e poesia e como o contato com a arte gótica não a tornou fecunda, manteve-se durante séculos como arte escrava, que não se engalana por prazer ou necessidade estética, mas só para agradar a gentes estranhas e faustosas Já a arte moçárabe é substancial; dentro de uma flexibilidade enorme para adotar formas e processos vários. Há nela um princípio de originalidade que dá caracteres fisionômicos a todo o grupo; não se confunde com muçulmano; não segue a marcha compassada, progressiva, unilateral da arte européia; tem uma frescura de invenção, um individualismo que, ao que parece, se deu anteriormente na arte visigótica e que não voltamos a encontrar senão no Oriente.

PERCEPÇÃO VISUAL – PINTURA

Cristo no sepulcro. De Aldo Locatelli


Abstract.
This text is a production about appointments of Perception View Theory, which was worked from Sofia Ozevsky Filha, in 1992. In it there are questions about picture and sculpture from the history of art area which objective is to analyze firstly pictures.
Key-words: picture, history of art, perception.



OLHAR: Vasto, infinito. É uma questão física;
VER: Destaca alguma coisa. É uma questão de cultura;
PERCEBER: Estruturar o que viu. É uma questão de cultura e uma relação que o cérebro faz.
COMPREENDER: O cérebro percebe, faz análise e volta ao objeto;
CONTEMPLAR: Aguçar a sensibilidade diante da imagem. Plasmar.
OBSERVAR: Registrar, apurando detalhes.
INVENTAR: criar coisas novas;
DESCOBRIR: Já existente, e criar encima daquilo;
RECONHECER: Relacionar os signos
VISUALIZAR: “abrir uma cortina” para possíveis ações da seleção.
EXAMINAR: Verificar minúcias atendendo a estruturas pré-organizadas
LER: Interpretar o objeto, suas características enviadas ao cérebro. Ler sem reconhecer.

GESTALT:



Estudo das qualidades das formas. “A forma possui qualidades e não é neutra”. Coloca a psicologia em sua forma mais avançada no século XVIII.
· O olho envia os sinais ao cérebro, que os codifica. A percepção é, então, igual à relação que o cérebro faz de um objeto com outro valor, podendo não haver percepção quando não se conhece o objeto;
· As ilusões de ótica – imagens e mensagens usadas (ou retardadas) que o cérebro envia;
· A questão da luz para a visualização.


OS OLHOS


Córnea: convexa, que recebe as luzes e as transforma em um funilamento. É sempre uma luz refletida.



· Quando a luz é muito intensa, a pálpebra fecha. [é o globo ocular e um complexo de coisas]
Cristalino: “nossa lente interna”. É redondo, engrossa e afina (acomodação) que permite ver longe e perto. Serve para focar o objeto.
Íris: parte colorida do olho. “É a abertura do ‘diafragma’ da objetiva”; controla a luz.
Pupila: outro foco



· Ambos focam e controlam a luz. E mandam sinais ao cérebro, através do nervo ótico.
Retina: Está no fundo do globo ocular; “é tudo”. Lugar que recebe todas as informações, da íris e da pupila. É permeada de cones e bastonetes.



· Cones: trabalham na luz do dia – muita luz



· Bastonetes: luz da noite. Não vêem em cores, apenas cinza.



Nós possuímos uma visão binocular, onde há sincronia e ponto neutro do nosso olho. “Depois de 100 m de distância, a visão é monocular. E o globo ocular possui feixe de músculos”.

MENSAGEM, EXPRESSÃO e COMUNICAÇÀO – sentimento e não-sentimento.



Os Símbolos são específicos da sociedade. São canais para uma mensagem. Eles intencionalizados ganham decodificação em cada sociedade, são também sonoros e olfativos. Fazem parte da sensação e a percepção do som e das artes plásticas.





“Mínima referência que temos do espaço, que inclusive o determina. Pode ser também uma representação visual – a exemplo de trabalhos de Matisse e do Pontilhismo de Signac e Serat”. Existe também na Arquitetura.
O ponto não tem que ser necessariamente redondo
Pode vir com uma sucessão de pontos.

LINHA



A linha organiza e delimita as formas. Pode ser:
· Vertical, horizontal, diagonal;
· Por hachura, ou seja, cada um dos traços eqüidistantes, paralelos, que, em desenho e gravura, representam o sombreado e as meias-tintas, o relevo em cartas topográficas etc. A linha hachurada modela e proporciona ritmo e forma à figura. Ex:

QUADROS E LINHAS



· Vertical = linha tensa
· Diagonal = linha mais tensa
· Horizontal = linha calma
· Reta = linha dura
Exemplos: O Triângulo com ponta para baixo é instabilidade. A linha fechada – limita a forma – Ex. Modgliani. A linha solta, aberta, libera: Paul Klee, Rubens. Linha fluida: engloba e passeia em volta da figura, Modgliani e Matisse.


TEXTURA E COR



A textura é a superfície da forma. Ela também delimita as formas. Pode estar em espaços determinados ou em texturas diferenciadas, e utiliza a linha como componente para trabalhar se desenvolver, principalmente com o contraste.
Pode ser: lisa, áspera ou rugosa, em relevo, em cinzel (egípcio), brilhante, chapada, claro-escuro, colagem, contraste, côncava e convexa, transparência, ondulada. É importante notar que existe a ilusão de textura, principalmente quando se fala do cubismo, que onde estuda o espaço, a variação de ângulos, dobras.

LUZ-COR



Refração,
A luz é a fonte das cores, e a soma das cores é o ponto. As cores primárias não contêm em sua formação a soma de duas cores, por isso serem primárias.
Espectro solar: vermelho, laranja, amarelo, verde azul, índigo e violeta.
Cores primárias: vermelho, verde e azul=branco.



Processo de adição:
· Cores secundárias: vermelho+azul= magenta (vermelho ideal)
· Vermelho + verde= amarelo
· Verde + azul= ciano.

COR-PIGMENTO



Cores quentes: as ondas (comprimentos) chegam mais rápidas. São elas: vermelho, amarelo.
Cores frias. Leveza. São elas: verde e azul.
Cores ácidas. Não têm brilho. Têm incidência de azul, verde e cinza. Não transmitem alegria. São saturadas pelo preto.
Subtração: porcentagem de absorção.
Primárias: amarelo, ciano e magenta = azul.
Matiz. Comprimento de onda. Cor básica. Determina a cor.
Valor: brilho – luminosidade.
Saturação: pureza da cor. Mais com branco ou com preto.
Secundárias – laranja, verde e violeta.
· Incidência da luz nos objetos e absorção de cores – uma refletida (visível) e duas absorvidas. Questão da química moderna, que vai imitar a natureza e trabalhar com a percepção e, também, com fórmulas.
· Vale lembrar que na “pré-história”, usava-se terra, carvão, humos.
· Até no século XIX, as cores eram misturadas – pigmentos – aglutinantes (água, alho...). A tinta era em pó.
· Os romanos utilizavam o amarelo e a púrpura para dar impressão do ouro.
· As cores básicas já existiam na Idade Média
· Van Gogh já utilizava o amarelo industrializado, cores quentes a partir do vermelho e amarelo, com maior velocidade/onda. Mas utilizava também cores frias como o verde e o azul.
Itens básicos são: o ver, perceber, comunicação, a luz, o ponto a linha, a forma, a textura, a cor (primária, secundária, matiz, valor, saturação quente e fria.).



ESPAÇO



Tudo que nos envolve. Só existe quando definido de alguma maneira.
· Espaços visuais limitados: laterais = obstáculos próximos e longínquos
· Espaços visuais abertos
· Focagem não em 180o.
· Espaço virtual: é ilusório, organizado artificialmente. E psicológico. Trata-se de uma ilusão do real. Exemplo da Escola de Atenas de Rafael, em que enquadra e limita o espaço. O corte (da) na natureza (o quadro).
· Espaço simbólico
· Na arquitetura: mudanças nos espaços interno e externo. O interno é artificial. O externo é artificial com o natural.
· Espaço e poder. Grandes casas, igrejas, castelos... O exagero é um instrumento do poder. Vai além do necessário. Exemplos: São Pedro do Vaticano Pisa... Elevação, poder espiritual etc.

Segundo Susana Langer, o espaço virtual é ideológico, filosófico e não é real. Não é utilitário (como os templos, fóruns, teatros etc.). Representa o poder. É um destaque, especificado, construído pelo homem.
O espaço visual, aquele que vemos, e pode ser também virtualizado.
Para Langer, Espaço Artificial é produzido pelo homem, em um instante, nos desenhos, pinturas e fotografias.
A fotografia pode ser ou não artificial, pois há dois questionamentos aí:
· Questão do congelamento;
· Questão de ver apenas um ponto – ampliado na fotografia.

PROFUNDIDADE



Ilusão de espaço
· Relevo: profundidade por planos.
· Dois planos, quando há destaque de relevo. E também no sentido de superposição de planos.
· Ilusão por planos e ilusão por perspectiva, tanto em pintura como em escultura. Figuras bidimensionais.
· O sfumato: técnica desenvolvida por Leonardo da Vinci. Dilui em cor azulada a profundidade o primeiro plano, dando ilusão de que há, no fundo, elementos da natureza (árvores p. ex.) ou urbanos (casas, monumentos etc.). É considerado uma perspectiva de cor, pois compõe o espaço.

FIGURA E FUNDO



Espaço – bidimensional
Espaço – tridimensional: no quadro, por ilusões.
Plano. Quando um plano esconde o outro e cobre a globalidade do outro por plano, que é a sucessão de espaço. Por linha, diz-se quando há profundidade, proporcionando a perspectiva. Os planos dão a idéia de dimensão, é a bidimensionalidade. Tridimensional não exige a perspectiva. Os espaços egípcios são um excelente exemplo de trabalhos por plano. Portanto, o plano existe quando um objeto esconde a globalidade de outro objeto.


Volume. Por plano. A sombra p. ex. é um dos elementos que mais colabora para o volume em uma pintura.



Transparência. Material que deixa a luz passar e ver o objeto atrás. A transparência é a luz que atravessa o tecido. Não é necessariamente um tecido transparente. Pode ser também a percepção de volume atrás de um pano, p.ex. na escultura.



Representação espacial. A partir da perspectiva, que pode ser: emocional ou matemática, por linhas, com ponto de fuga ou não. Na representação espacial há outro ângulo onde se pode ver a representação, o desenho.



Figura e fundo: representação elaborada, delimitada. O fundo é algo menos elaborado e de certa forma indefinido. Mas vale lembrar que a figura não efetivamente é primeiro plano.
Figura de destaque será, principalmente, humana, se esta existir na composição.
Linha: quando é usada para dar perspectiva, “sem personalidade própria”.
Perspectiva visual do alto. Dá a impressão de que se vê do alto. Representação espacial
Ex: Na perspectiva barroca não há ponto de fuga. Já na renascentista o ponto de fuga é básico.

CORES COMPLEMENTARES



Nem sempre um contraste será desarmônico. Pode-se obter harmonia dentro do contraste. No claro-escuro não se pode falar o que é claro e o que é escuro – é em relação ao claro ou ao escuro.
· Contraste nunca é passivo;
· Contraste forte transmite a idéia de força e vibração;
· O artifício do claro-escuro começa com o maneirismo;
· Há contraste pela cor e forma;
· Quando há semelhança. Quando há muita variedade de um elemento não há harmonia.

EQUILÍBRIO, MOVIMENTO, RITMO, PROPORÇÃO, SIMETRIA, ASSIMETRIA.

Equilíbrio: é a construção. Trabalha tanto com a assimetria quanto à simetria.
· Assimetria. É todo quadro com uma construção não central, necessitando de equilíbrio, com peso lateral, que desequilibra a parte central, com ou sem figura humana;
· Simetria. Possui equilíbrio – meio e partes laterais, onde o eixo central é mais importante. Embora a medição não precise ser rigorosamente matemática.



Há equilíbrio pela cor, quando o lado esquerdo está vazio é desequilíbrio – questão cultural da visão, que começa pelo lado esquerdo do quadro. Pode ser assimétrico e equilibrado.



Movimento: Várias formas. Pode ser visual ou de forma artificial. O essencial é ter uma idéia de movimento, deslocamento e mudança: ter a sensação de uma ação, curso, momento de ação. Bem trabalhado no séc. XIX pelos impressionistas, como Lautrec que proporcionou a noção de ritmo e movimento.



Ritmo: Repetição da forma colocada – v. também degradê. Artifício de levar o olho a caminhar na composição. Repetição de alguma coisa, pela cor ou pela forma.
Proporção: Sempre em relação ao ser humano e a épocas. Não se vê uma proporção isenta. É a relação que temos com o mundo. Ex: relação entre pirâmide egípcia e apartamento quarto/sala. Há sempre uma mensagem de dominação e poder. A não-proporção cria contrastes e ambigüidades.

ESTILOS



Estilos são uma constância de características agrupadas na época ou depois dela, de um indivíduo ou de uma sociedade.
Estilo histórico é o nome dado a uma época para diferenciação de estilos. Portanto depende da época. Já o estilo geral pede ao “ser humano estar fora de sua época ou ter características variadas”. É uma característica para a sociedade.

Tipos de Estilos
· Primitivo: Possui exagero, espontaneidade, plano irregular com pouca produtividade, possui simplicidade, cuja produção não tem cânones. As cores são primárias e puras, com simetria, textura lisa, convencional e não-detalhista. Ex: da arte do período mesopotâmico.
· Expressionista: Possui exagero, complexidade, espontaneidade, atividade, discurso audaz, é distorcido, irregular, vertical/diagonal, forte colorido; variedade, assimetria; textura variável, não-convencional, não detalhista. Ex: pintura egípcia, romana, medieval, gótico, românico.
· Classicismo: possui harmonia de cores, simetria, horizontalidade, passividade, dimensionalidade, convencionalidade, organização, coerência, unidade, é liso e não detalhista. Ex: grego.
· Decorativo: complexidade, profusão, exageração, audácia, detalhismo, variedade, colorido e diversidade. As linhas são circulares; há forte e variado colorido, textura variada, não-convencional. Ex: Barroco, muçulmano, romano, medieval.
· Funcional: simplicidade, simetria, linha reta (vertical-horizontal), angularidade, abstração, seqüencialidade, exageração, coerência, unidade, regularidade e economia, sutilidade, continuidade, regularidade. É liso e não-detalhista. Realismo: cópia fiel.
· Naturalismo: próximo do real.
· Clássico: racional
· Simbólico: símbolos e representação imaginária.

· Observações importantes:
· Convencional é a produção
· Qualquer primitivo é bidimensional – altura/largura
· Com a profundidade, a relação do espaço é outra – lembrar que há ilusão de profundidade.
· Deve-se verificar as disparidades entre fotografia e pintura, principalmente em: ângulos, trabalhos e tempo.

ARTE ABSTRATA



Ilusão do real
· “Qualquer suporte bidimensional não precisa ser ilusão do real”.
No Simbolismo – séc. XIX – artistas de vários estilos trabalharam com símbolos, com o figurativo, com a ilusão do real, mostrando que é imaginário. No século seguinte o surrealismo optou por um total imaginário. Ao passo que o expressionismo buscou mensagens de linhas, cores, onde as figuras humanas são quase desapercebidas procurando a expressão de linhas e cores.
No abstrato o artista parte de uma idéia real, concreta, com poucas ou quase nenhum pista do quadro ao espectador. Seria a totalidade da abstração se não remetesse ao título do quadro. Mesmo objetivando uma proposta concreta, com símbolos, conscientes, inconscientes, místicos ou com grandes cargas de inconsciente, como é o surrealismo e o automatismo, o abstrato desvirtua a imagem a partir do título (tema) do quadro.
· Dois exemplos:
· Kandinsky: manchas coloridas, abstracionismo; união com a música (pontos, linhas...).
· Jackson Polock: Action Paint. Katarze a pinturas. Ansiedade, sentimento, subconsciente.

BIDIMENSIONALIDADE E ABSTRACIONISMO



Abstracionismo lírico. Opõe ao geométrico. É livre em suas formas, não possui vigor, não agride, propõe uma poesia. No Brasil, os japoneses vão trabalhar com este tipo, que também é gestual.
Abstracionismo expressionista. É solto, sente a passagem do pincel, há densidade de gestos, textura... Há katarze.
Abstracionismo geométrico: é organizado, ritmado; possui formas mais claras e equilibradas, com simetria não forçosamente central; cores que seguram a exemplo das formas cubistas.

TRIDIMENSÃO



Altura, largura, profundidade, frente e verso, 360o.
Escultura: trabalha também com a ilusão da realidade, embora menos que a das pinturas. Ao movimentar, pode-se ver novos ângulos, formas diferentes, transformar-se se apresentando em múltiplas facetas. Traz uma sensação táctil. Onde ela estiver muda-se o local. Olhando-a as ondas são curtas, sem profundidade.
Figuras vazadas: espaços abertos. A escultura trabalha com a nossa visão, propondo modificações.
Reflexo: espalhado devido ao polimento – visão mais demorada.
Construtivismo: por sair do real, já na abstração, portanto, possui equilíbrio, mesmo sendo uma “arte interminável”, com leveza e mobilidade;
Dada e Pop Art: “sátira, banalismo” da arte de uso. “Bolas de bilhar”.
Minimalismo: “Tirar os excessos”.
Land Art: interferência na natureza. A forma limpa. Uma nova linguagem.
Matisse: forma retorcida, linhas sinuosas, mais espaço, textura rugosa.
Max Ernest: vazios, côncavos, convexos, onde o olho passa várias vezes.
Julio Gonzáles: solda de objetos para formar esculturas.
Bruno Jacometi: desenhos escultóricos – espaços.

Referência Bibliográfica.



Dondis, Donis A. Las Sintaxis de la Imagen. 8 ed. Barcelona: Ediciones Gustavo Gill, 1990

ASPECTOS DA OURIVESARIA



OURIVESARIA

A ourivesaria teve inicio na mesopotâmia e se constitui hoje em uma das descobertas mais interessantes das escavações de tumbas reais e templos. O trabalho com os metais era uma das atividades artísticas mais importantes nas cidades da Mesopotâmia. E observe-se que a maioria das tumbas foi saqueada durante os sucessivos assentamentos populacionais, quando as pessoas descobriam os tesouros ao escavar para construir suas casas. Alguns chegaram intactos até os dias de hoje, como o tesouro dos reis de Ur, descoberto pelo arqueólogo Charles Wooley.
Lanterna na Igreja
de São Sebastião,
Salvador, Ba.

Entre as peças mais valiosas desse tesouro está o toucado de uma das sessenta e quatro cortesãs enterradas na tumba real, cuja suntuosidade e concepção são fora do comum, com finíssimas lâminas de ouro que imitam folhas e pétalas de flores. Restos de um utensílio trabalhado em ouro e inúmeras estatuetas de cobre, um dos metais mais trabalhados, bem como colares e braceletes de cornalina, lápis-lazúli e prata e instrumentos musicais com incrustações de pedras completavam o tesouro mais antigo do mundo oriental.



Nas formas e na moldagem do metal revela-se um naturalismo um tanto ingênuo, com obsessão pelo detalhe ornamental. É difícil elaborar um estudo do estilo geral da ourivesaria mesopotâmica devido à grande variedade de povos e culturas que habitaram sucessivamente o território. Em todos os objetos, entretanto, evidencia-se o valor transcendental das forças da natureza e a esperança do homem em uma vida após a morte, o que explica o fato de os objetos mais valiosos serem encontrados nessas tumbas.



Também durante o império persa (VI a.C.) a ourivesaria experimentou um florescimento. Os tesouros encontrados nas escavações são uma prova da habilidade dos artesãos na confecção de belíssimos utensílios e objetos de decoração de ouro e prata e com incrustações de pedra. Destacam-se principalmente as peças do último período do império. O inusitado naturalismo das estatuetas destinadas aos hipogeus e o dinamismo alcançado pelos persas no campo da decoração refletem a influência dos artistas gregos.



No Egito as obras de ourivesaria também tiveram grande importância, cuja maestria e beleza são suficientes para testemunhar a elegância e a ostentação das cortes egípcias. Os materiais mais utilizados eram o ouro, a prata e pedras. As jóias sempre tinham uma função específica (talismãs), a exemplo dos objetos elaborados para os templos e as tumbas. Os ourives também colaboraram na decoração de templos e palácios, revestindo muros com lâminas de ouro e prata lavrados contendo inscrições, dos quais restaram apenas testemunhos.


Artesanato em metal

Artesanato em metal, nome dado, no campo das Belas Artes e Artes Plásticas, ao trabalho em objetos artísticos, decorativos ou utilitários realizados com um ou vários tipos de metal, incluindo os preciosos. As técnicas utilizadas são a fundição, martelamento, soldas ou uma combinação das três.

Características do artesanato em metal

Há características compartilhadas por todos os metais:
a) Superfície lisa uniforme;
b) Grande resistência e durabilidade;
c) Maleabilidade, ou seja, capacidade de ser trabalhado, proporcionando praticamente todos os tipos de forma. Esta maleabilidade permite que os metais sejam trabalhados através de pressão, quando estão em estado sólido, ou com moldes, quando são aquecidos e entram em estado líquido;
d) Reciclamento, ou seja, podem ser fundidos e reaproveitados na criação de novos objetos. A propriedade de reciclagem foi valorizada depois da descoberta da fundição que remonta a meados do século V a.C.

O artesanato de metal como arte

Até a Revolução Industrial não se fazia distinção entre objetos utilitários, fabricados à máquina, e objetos decorativos feitos à mão. Durante milhares de anos - até meados do século XVIII - tudo era produzido de modo artesanal e, embora tivesse finalidade utilitária, os objetos eram feitos e decorados esteticamente.

Tipos de artesanato em metal



A forma, função e aspecto dos objetos de metal dependem do tipo de material utilizado. Os metais preciosos - ouro e prata - são os mais macios. Os metais não-preciosos (cobre, estanho, chumbo e ferro) e as suas ligas (bronze, latão e estanho) têm características diferentes. No Renascimento e séculos posteriores - principalmente, os séculos XVII e XVIII - os artistas trabalharam em ferro forjado alcançando resultados surpreendentes e refinados.



Definição de termos


Douramento (douradura)

Processo que leva o encobrimento da superfície de um objeto com o ouro.
É uma técnica praticada desde a antigüidade de muitas formas diferentes, com resultados extraordinários, basicamente empregando pó de ouro em suspensão aquosa, misturado em com alguma substância que facilitasse sua aderência, ou bem empregando folhas finíssimas de ouro (pães de ouro) com que se recobriam os objetos a dourar.



Em ambos os casos os efeitos podiam ser de grande beleza, porém delicados. Muito mais resistentes eram os dourados ao fogo, aplicáveis aos metais, sobre os quais se aplicava uma amálgama de ouro (liga de mercúrio e ouro), esquentando depois a peça até que se volatilizava o mercúrio e ficava o ouro firmemente aderido ao metal.



Esta técnica, no entanto, foi deslocada pelos processos de galvanoplastia, que significa a operação consistente em depositar sobre um corpo sólido uma capa de metal, valendo-se para isso da propriedade que tem certos sais metálicos, dissolvidos ou fundidos, de se dissociar em seus componentes ao passo de uma corrente elétrica, baseados na eletrólise de soluções aquosas de certos sais de ouro. O processo da galvanoplastia é hoje também usado para o prateamento. O dourado da cerâmica e do vidro possui técnicas próprias de larga tradição.

Cinzelamento: Lavrado ou esculpido a cinzel, criando pequenos sulcos ou relevos. O cinzelado é construído a partir do uso do cinzel, de ponta fina ou grossa, que tece na superfície, da prata ou do outro, sutis linhas, sulcos ou desenhos, com relevos baixos ou médios.

Batimento (Batida): O mesmo que amoedado ou cunhado. Golpes dados no metal ainda quente. Difere do Martelamento, que é o processo executado com o objeto frio.

Vazamento: Área não impressa dentro de uma área maior chapada ou reticulada na superfície correspondente à decoração. Não vale para buracos criados por parafusos ou estragos ocasionados por má conservação.

Repuxado e Repuxar: No artesanato de couro, o repuxado é a técnica de decoração em relevo que se pratica sobre o dorso da pele, para a flor ou superfície epidérmica. Com ajuda de utensílios adequados, consegue-se que esta superfície se distenda, criando nela vazios que configurarão relevos muito saliente, e recheados para que adquiram consistência e não se deformem.



Já o repuxar, no ouro, é o ato de fazer realçar em relevo, a golpes de martelo, não muito extensos, figuras sobre metal ou couro principalmente. É muito técnica é muito utilizada em joalheria, para o lavrado de peças de grande finura. Alcançou notável perfeição o repuxado do Renascimento e a prata repuxada holandesa do séc. XVII.


Alguns importantes objetos litúrgicos da igreja católica:

ÂMBULA: Pequeno vaso onde se guardam os santos óleos;

CÁLICE: Vaso empregado na missa para a consagração do vinho. Há três espécies de cálices de serviço ao altar – os sagrados, os ministeriais e os ofertórios. Os primeiros empregaram-se sempre na consagração do vinho; os segundos eram usados na distribuição do Precioso Sangue aos fiéis; e os terceiros eram destinados a recolher o vinho que os fiéis entregavam ao Ofertório da Missa. A matéria empregada nos cálices era a madeira, o chumbo, o vidro, o cobre, o estanho, a prata e o ouro; porém, desde o começo do Séc. XIII abandonaram-se os cálices cuja copa não fosse de ouro, prata ou estanho; mas este só em condições de extrema pobreza. As formas dos cálices levam-nos a determinar-lhes a época: até ao séc. IV foi geral o uso dos cálices com asas (fig. 1). Já com asas, é adotado o cálice com pé curto a copa profunda, até o séc. IX, no qual, e mais ainda nos séculos XI e XII, tomam a forma semi-esférica na copa (fig. 2). As vezes são adornados de pedras preciosas, havendo-os igualmente desta época já com tendência à forma cônica, que é a adotada no estilo ogival.


No séc. XIV generaliza-se a forma lobular ou estrelada do pé; no séc. XV continua com a mesma forma, ostentando toda a elegância ogival. Lembrar que as patenas acompanham sempre os cálices, e são caracterizadas pelo mesmo estilo a que eles pertencem. As mais antigas têm a forma de prato pouco profundo e de consideráveis dimensões; encerram adornos muito ricos em pedraria, contendo ao centro o desenho do Salvador abençoando, ou apenas a mão nessa atitude, que é o mais usual, ou uma cruz.

Já as ânforas estão em uso, para o culto divino, desde tempos remotos. São vasos cilíndricos de metal e com tampa, destinados a guardar os Santos Óleos nas catedrais – são como que depósitos, onde vão prover-se as igrejas paroquiais, que se servem de pequenos vasos de prata, estanho etc., chamados âmbulas. Há ainda as atuais galhetas – que são em tamanho reduzidos – que servem para ministrar o vinho e a água para o Sacrifício.


CUSTÓDIA: Objeto de ouro ou prata que serve para guardar a hóstia consagrada. A data das custódias ou ostensórios provem do séc. XIV com a instituição da festa do SS. Sacramento, o qual, até então, era exposto à veneração em imagens, cruzes e cibórios; é, porém, nos meados do séc. XV que ela verdadeiramente se deve fixar, tomando as custódias forma própria (representam uma torre ou templete ogival eriçado de pináculos e sustentado por elegante pé de artística base, quase sempre lobulada.

COPA: Vaso covo; taça, copo.

ESPEVITADEIRA: Objeto para cortar, espevitar.

SACRA: Quadro que contêm um texto da parte fixa da missa, e que era colocado sobre o altar, para ajudar a memória do celebrante.

SALVA: Tipo de bandeja redonda e pequena. Originariamente era a prova que se fazia da comida e da bebida que iam ser servidas ao rei e grão-senhores para salva-los de possível envenenamento; o prato em que eram servidas tomou o nome de salva.

DEFINIÇÕES ARTE CEMITERIAL

cripta [Do lat. crypta < gr. krWpte , es.] S. f. 1. Galeria subterrânea; caverna, gruta.
Em algumas igrejas, galeria subterrânea onde se enterravam mártires ou se guardavam relíquias. Capela subterrânea, não raro mais antiga do que a igreja sob a qual se encontra.
Lugar secreto e subterrâneo.
Pequena ascensão tumular que se abre em superfície livre ou acima de uma base.

sarcófago . [Do gr. sarkophágos, 'que come carne', pelo lat. sarcophagu.]
Túmulo calcário onde os antigos punham os cadáveres que não desejavam queimar.
Parte de um monumento fúnebre que representa o ataúde, conquanto não encerre o corpo do defunto.

tumba. [Do gr. tWmbos , pelo lat. tumba.] S. f. 1.
Pedra sepulcral. 2. V. sepultura (1)

carneiro [Do lat. vulg. carnariu.] S. m. 1.
Gaveta ou urna, nos cemitérios, onde se enterram cadáveres. 2. V. sepultura (1). 3. V. cemitério

mausoléu . [Do gr. Mausóleion , pelo lat. Mausoleu , em alusão ao túmulo que Artemisa, viúva de Mausolo, rei da Cária, antiga cidade da Ásia Menor, mandou erguer ao marido.] S. m. 1.
Origem: Sepulcro de Mausolo (rei da Cária - séc. IV a.C.), em Halicarnasso, tido como uma das sete maravilhas do mundo antigo. 2.
P. ext. Sepulcro suntuoso que traz espaço possível para ritual religioso, como missa e rezas.

lápide . [Do lat. lapide.] S. f. 1.
Pedra com qualquer inscrição comemorativa.

jazigo . [De jazer, com term. de difícil explicação.] S. m. 1. V. sepultura de qualquer espécie.

cova [Do lat. vulg. cova, fem. de covu, var. de cavu, 'oco'.] S. f. 1. Sepultura simples, na terra, tradicional em cidades pequenas e de classe menos favorecida.

DEFINIÇÕES PARA SANTUÁRIOS CATÓLICOS


CAPELA

O conceito de capela referencia a pequena igreja, com apenas um altar, subordinada a uma paróquia; por muitos também chamada ermida, orada, santuário. Dessa variação derivol-se cada um dos locais, em uma igreja, reservados para oração, meditação ou pequenos serviços religiosos, onde fica um altar de santo. É o caso, no MAS-UFBA, dos “nichos” na nave da Igreja de Santa Teresa.
As capelas têm suas origens no século XIII, quando o gótico cria os retábulos, que serviriam para rezas, casamentos, batismos dos servos. Assim havia a separação das liturgias com a nobreza. As capelas tinham os seus altares. Os denominados “laterais”.


ERMIDA:


Hoje, quando se fala de ermida a referência principal é para uma pequena igreja ou capela em lugar ermo ou fora de uma povoação

Porém, em sua etimologia, o termo define, em latim “eremíta,ae” 'lugar deserto, afastado, o que vive ou fica solitário, nesse lugar'. Daí vem o termo que referencia a 'pequena igreja em lugar ermo', trabalhado pelos gregos como “érémos” ou “erêmos”, ou seja: 'deserto'.

IGREJA:

O termo advém do grego ekklésía, que pertencia as 'assembléia por convocação, assembléia do povo ou dos guerreiros, assembléia dos Anfictiões, assembléia de fiéis. Tais reuniões passaram a ter o lugar, a igreja', que, durante a cristandade, passou a ser o ajuntamento dos primeiros cristãos, a comunhão cristã, igreja, templo'. Em termo de arquitetura a igreja passa a ser o espaço destinado a liturgias.

BASÍLICA:


O termo vem do latim “basilìca,ae” “basílica” e do grego “basilikê”; cuja grafia, no século XV passou a ser “basílica” e no século XV “basillica”. Em termos de arquitetura, a basílica, entre os romanos, foi definida como um edifício público, coberto e retangular, com três naves separadas por colunas, que abrigava mercados, tribunais ou onde se reuniam comerciantes e pessoas ociosas, e no qual, mais tarde, se congregaram os primeiros cristãos. Daí a designação das primeiras igrejas cristãs que conservaram o mesmo plano desse edifício profano.
Hoje o termo está voltado para a Igreja católica que goza, conforme o direito canônico, de certos privilégios: dispor de altar reservado ao papa, ao cardeal ou ao patriarca, e não estar submetida à jurisdição eclesiástica local, o que lhe confere status internacional e símbolo da igreja patriarcal em forma de pálio, que protegia os prelados durante as procissões.