segunda-feira, 23 de julho de 2007

PERCEPÇÃO VISUAL – PINTURA

Cristo no sepulcro. De Aldo Locatelli


Abstract.
This text is a production about appointments of Perception View Theory, which was worked from Sofia Ozevsky Filha, in 1992. In it there are questions about picture and sculpture from the history of art area which objective is to analyze firstly pictures.
Key-words: picture, history of art, perception.



OLHAR: Vasto, infinito. É uma questão física;
VER: Destaca alguma coisa. É uma questão de cultura;
PERCEBER: Estruturar o que viu. É uma questão de cultura e uma relação que o cérebro faz.
COMPREENDER: O cérebro percebe, faz análise e volta ao objeto;
CONTEMPLAR: Aguçar a sensibilidade diante da imagem. Plasmar.
OBSERVAR: Registrar, apurando detalhes.
INVENTAR: criar coisas novas;
DESCOBRIR: Já existente, e criar encima daquilo;
RECONHECER: Relacionar os signos
VISUALIZAR: “abrir uma cortina” para possíveis ações da seleção.
EXAMINAR: Verificar minúcias atendendo a estruturas pré-organizadas
LER: Interpretar o objeto, suas características enviadas ao cérebro. Ler sem reconhecer.

GESTALT:



Estudo das qualidades das formas. “A forma possui qualidades e não é neutra”. Coloca a psicologia em sua forma mais avançada no século XVIII.
· O olho envia os sinais ao cérebro, que os codifica. A percepção é, então, igual à relação que o cérebro faz de um objeto com outro valor, podendo não haver percepção quando não se conhece o objeto;
· As ilusões de ótica – imagens e mensagens usadas (ou retardadas) que o cérebro envia;
· A questão da luz para a visualização.


OS OLHOS


Córnea: convexa, que recebe as luzes e as transforma em um funilamento. É sempre uma luz refletida.



· Quando a luz é muito intensa, a pálpebra fecha. [é o globo ocular e um complexo de coisas]
Cristalino: “nossa lente interna”. É redondo, engrossa e afina (acomodação) que permite ver longe e perto. Serve para focar o objeto.
Íris: parte colorida do olho. “É a abertura do ‘diafragma’ da objetiva”; controla a luz.
Pupila: outro foco



· Ambos focam e controlam a luz. E mandam sinais ao cérebro, através do nervo ótico.
Retina: Está no fundo do globo ocular; “é tudo”. Lugar que recebe todas as informações, da íris e da pupila. É permeada de cones e bastonetes.



· Cones: trabalham na luz do dia – muita luz



· Bastonetes: luz da noite. Não vêem em cores, apenas cinza.



Nós possuímos uma visão binocular, onde há sincronia e ponto neutro do nosso olho. “Depois de 100 m de distância, a visão é monocular. E o globo ocular possui feixe de músculos”.

MENSAGEM, EXPRESSÃO e COMUNICAÇÀO – sentimento e não-sentimento.



Os Símbolos são específicos da sociedade. São canais para uma mensagem. Eles intencionalizados ganham decodificação em cada sociedade, são também sonoros e olfativos. Fazem parte da sensação e a percepção do som e das artes plásticas.





“Mínima referência que temos do espaço, que inclusive o determina. Pode ser também uma representação visual – a exemplo de trabalhos de Matisse e do Pontilhismo de Signac e Serat”. Existe também na Arquitetura.
O ponto não tem que ser necessariamente redondo
Pode vir com uma sucessão de pontos.

LINHA



A linha organiza e delimita as formas. Pode ser:
· Vertical, horizontal, diagonal;
· Por hachura, ou seja, cada um dos traços eqüidistantes, paralelos, que, em desenho e gravura, representam o sombreado e as meias-tintas, o relevo em cartas topográficas etc. A linha hachurada modela e proporciona ritmo e forma à figura. Ex:

QUADROS E LINHAS



· Vertical = linha tensa
· Diagonal = linha mais tensa
· Horizontal = linha calma
· Reta = linha dura
Exemplos: O Triângulo com ponta para baixo é instabilidade. A linha fechada – limita a forma – Ex. Modgliani. A linha solta, aberta, libera: Paul Klee, Rubens. Linha fluida: engloba e passeia em volta da figura, Modgliani e Matisse.


TEXTURA E COR



A textura é a superfície da forma. Ela também delimita as formas. Pode estar em espaços determinados ou em texturas diferenciadas, e utiliza a linha como componente para trabalhar se desenvolver, principalmente com o contraste.
Pode ser: lisa, áspera ou rugosa, em relevo, em cinzel (egípcio), brilhante, chapada, claro-escuro, colagem, contraste, côncava e convexa, transparência, ondulada. É importante notar que existe a ilusão de textura, principalmente quando se fala do cubismo, que onde estuda o espaço, a variação de ângulos, dobras.

LUZ-COR



Refração,
A luz é a fonte das cores, e a soma das cores é o ponto. As cores primárias não contêm em sua formação a soma de duas cores, por isso serem primárias.
Espectro solar: vermelho, laranja, amarelo, verde azul, índigo e violeta.
Cores primárias: vermelho, verde e azul=branco.



Processo de adição:
· Cores secundárias: vermelho+azul= magenta (vermelho ideal)
· Vermelho + verde= amarelo
· Verde + azul= ciano.

COR-PIGMENTO



Cores quentes: as ondas (comprimentos) chegam mais rápidas. São elas: vermelho, amarelo.
Cores frias. Leveza. São elas: verde e azul.
Cores ácidas. Não têm brilho. Têm incidência de azul, verde e cinza. Não transmitem alegria. São saturadas pelo preto.
Subtração: porcentagem de absorção.
Primárias: amarelo, ciano e magenta = azul.
Matiz. Comprimento de onda. Cor básica. Determina a cor.
Valor: brilho – luminosidade.
Saturação: pureza da cor. Mais com branco ou com preto.
Secundárias – laranja, verde e violeta.
· Incidência da luz nos objetos e absorção de cores – uma refletida (visível) e duas absorvidas. Questão da química moderna, que vai imitar a natureza e trabalhar com a percepção e, também, com fórmulas.
· Vale lembrar que na “pré-história”, usava-se terra, carvão, humos.
· Até no século XIX, as cores eram misturadas – pigmentos – aglutinantes (água, alho...). A tinta era em pó.
· Os romanos utilizavam o amarelo e a púrpura para dar impressão do ouro.
· As cores básicas já existiam na Idade Média
· Van Gogh já utilizava o amarelo industrializado, cores quentes a partir do vermelho e amarelo, com maior velocidade/onda. Mas utilizava também cores frias como o verde e o azul.
Itens básicos são: o ver, perceber, comunicação, a luz, o ponto a linha, a forma, a textura, a cor (primária, secundária, matiz, valor, saturação quente e fria.).



ESPAÇO



Tudo que nos envolve. Só existe quando definido de alguma maneira.
· Espaços visuais limitados: laterais = obstáculos próximos e longínquos
· Espaços visuais abertos
· Focagem não em 180o.
· Espaço virtual: é ilusório, organizado artificialmente. E psicológico. Trata-se de uma ilusão do real. Exemplo da Escola de Atenas de Rafael, em que enquadra e limita o espaço. O corte (da) na natureza (o quadro).
· Espaço simbólico
· Na arquitetura: mudanças nos espaços interno e externo. O interno é artificial. O externo é artificial com o natural.
· Espaço e poder. Grandes casas, igrejas, castelos... O exagero é um instrumento do poder. Vai além do necessário. Exemplos: São Pedro do Vaticano Pisa... Elevação, poder espiritual etc.

Segundo Susana Langer, o espaço virtual é ideológico, filosófico e não é real. Não é utilitário (como os templos, fóruns, teatros etc.). Representa o poder. É um destaque, especificado, construído pelo homem.
O espaço visual, aquele que vemos, e pode ser também virtualizado.
Para Langer, Espaço Artificial é produzido pelo homem, em um instante, nos desenhos, pinturas e fotografias.
A fotografia pode ser ou não artificial, pois há dois questionamentos aí:
· Questão do congelamento;
· Questão de ver apenas um ponto – ampliado na fotografia.

PROFUNDIDADE



Ilusão de espaço
· Relevo: profundidade por planos.
· Dois planos, quando há destaque de relevo. E também no sentido de superposição de planos.
· Ilusão por planos e ilusão por perspectiva, tanto em pintura como em escultura. Figuras bidimensionais.
· O sfumato: técnica desenvolvida por Leonardo da Vinci. Dilui em cor azulada a profundidade o primeiro plano, dando ilusão de que há, no fundo, elementos da natureza (árvores p. ex.) ou urbanos (casas, monumentos etc.). É considerado uma perspectiva de cor, pois compõe o espaço.

FIGURA E FUNDO



Espaço – bidimensional
Espaço – tridimensional: no quadro, por ilusões.
Plano. Quando um plano esconde o outro e cobre a globalidade do outro por plano, que é a sucessão de espaço. Por linha, diz-se quando há profundidade, proporcionando a perspectiva. Os planos dão a idéia de dimensão, é a bidimensionalidade. Tridimensional não exige a perspectiva. Os espaços egípcios são um excelente exemplo de trabalhos por plano. Portanto, o plano existe quando um objeto esconde a globalidade de outro objeto.


Volume. Por plano. A sombra p. ex. é um dos elementos que mais colabora para o volume em uma pintura.



Transparência. Material que deixa a luz passar e ver o objeto atrás. A transparência é a luz que atravessa o tecido. Não é necessariamente um tecido transparente. Pode ser também a percepção de volume atrás de um pano, p.ex. na escultura.



Representação espacial. A partir da perspectiva, que pode ser: emocional ou matemática, por linhas, com ponto de fuga ou não. Na representação espacial há outro ângulo onde se pode ver a representação, o desenho.



Figura e fundo: representação elaborada, delimitada. O fundo é algo menos elaborado e de certa forma indefinido. Mas vale lembrar que a figura não efetivamente é primeiro plano.
Figura de destaque será, principalmente, humana, se esta existir na composição.
Linha: quando é usada para dar perspectiva, “sem personalidade própria”.
Perspectiva visual do alto. Dá a impressão de que se vê do alto. Representação espacial
Ex: Na perspectiva barroca não há ponto de fuga. Já na renascentista o ponto de fuga é básico.

CORES COMPLEMENTARES



Nem sempre um contraste será desarmônico. Pode-se obter harmonia dentro do contraste. No claro-escuro não se pode falar o que é claro e o que é escuro – é em relação ao claro ou ao escuro.
· Contraste nunca é passivo;
· Contraste forte transmite a idéia de força e vibração;
· O artifício do claro-escuro começa com o maneirismo;
· Há contraste pela cor e forma;
· Quando há semelhança. Quando há muita variedade de um elemento não há harmonia.

EQUILÍBRIO, MOVIMENTO, RITMO, PROPORÇÃO, SIMETRIA, ASSIMETRIA.

Equilíbrio: é a construção. Trabalha tanto com a assimetria quanto à simetria.
· Assimetria. É todo quadro com uma construção não central, necessitando de equilíbrio, com peso lateral, que desequilibra a parte central, com ou sem figura humana;
· Simetria. Possui equilíbrio – meio e partes laterais, onde o eixo central é mais importante. Embora a medição não precise ser rigorosamente matemática.



Há equilíbrio pela cor, quando o lado esquerdo está vazio é desequilíbrio – questão cultural da visão, que começa pelo lado esquerdo do quadro. Pode ser assimétrico e equilibrado.



Movimento: Várias formas. Pode ser visual ou de forma artificial. O essencial é ter uma idéia de movimento, deslocamento e mudança: ter a sensação de uma ação, curso, momento de ação. Bem trabalhado no séc. XIX pelos impressionistas, como Lautrec que proporcionou a noção de ritmo e movimento.



Ritmo: Repetição da forma colocada – v. também degradê. Artifício de levar o olho a caminhar na composição. Repetição de alguma coisa, pela cor ou pela forma.
Proporção: Sempre em relação ao ser humano e a épocas. Não se vê uma proporção isenta. É a relação que temos com o mundo. Ex: relação entre pirâmide egípcia e apartamento quarto/sala. Há sempre uma mensagem de dominação e poder. A não-proporção cria contrastes e ambigüidades.

ESTILOS



Estilos são uma constância de características agrupadas na época ou depois dela, de um indivíduo ou de uma sociedade.
Estilo histórico é o nome dado a uma época para diferenciação de estilos. Portanto depende da época. Já o estilo geral pede ao “ser humano estar fora de sua época ou ter características variadas”. É uma característica para a sociedade.

Tipos de Estilos
· Primitivo: Possui exagero, espontaneidade, plano irregular com pouca produtividade, possui simplicidade, cuja produção não tem cânones. As cores são primárias e puras, com simetria, textura lisa, convencional e não-detalhista. Ex: da arte do período mesopotâmico.
· Expressionista: Possui exagero, complexidade, espontaneidade, atividade, discurso audaz, é distorcido, irregular, vertical/diagonal, forte colorido; variedade, assimetria; textura variável, não-convencional, não detalhista. Ex: pintura egípcia, romana, medieval, gótico, românico.
· Classicismo: possui harmonia de cores, simetria, horizontalidade, passividade, dimensionalidade, convencionalidade, organização, coerência, unidade, é liso e não detalhista. Ex: grego.
· Decorativo: complexidade, profusão, exageração, audácia, detalhismo, variedade, colorido e diversidade. As linhas são circulares; há forte e variado colorido, textura variada, não-convencional. Ex: Barroco, muçulmano, romano, medieval.
· Funcional: simplicidade, simetria, linha reta (vertical-horizontal), angularidade, abstração, seqüencialidade, exageração, coerência, unidade, regularidade e economia, sutilidade, continuidade, regularidade. É liso e não-detalhista. Realismo: cópia fiel.
· Naturalismo: próximo do real.
· Clássico: racional
· Simbólico: símbolos e representação imaginária.

· Observações importantes:
· Convencional é a produção
· Qualquer primitivo é bidimensional – altura/largura
· Com a profundidade, a relação do espaço é outra – lembrar que há ilusão de profundidade.
· Deve-se verificar as disparidades entre fotografia e pintura, principalmente em: ângulos, trabalhos e tempo.

ARTE ABSTRATA



Ilusão do real
· “Qualquer suporte bidimensional não precisa ser ilusão do real”.
No Simbolismo – séc. XIX – artistas de vários estilos trabalharam com símbolos, com o figurativo, com a ilusão do real, mostrando que é imaginário. No século seguinte o surrealismo optou por um total imaginário. Ao passo que o expressionismo buscou mensagens de linhas, cores, onde as figuras humanas são quase desapercebidas procurando a expressão de linhas e cores.
No abstrato o artista parte de uma idéia real, concreta, com poucas ou quase nenhum pista do quadro ao espectador. Seria a totalidade da abstração se não remetesse ao título do quadro. Mesmo objetivando uma proposta concreta, com símbolos, conscientes, inconscientes, místicos ou com grandes cargas de inconsciente, como é o surrealismo e o automatismo, o abstrato desvirtua a imagem a partir do título (tema) do quadro.
· Dois exemplos:
· Kandinsky: manchas coloridas, abstracionismo; união com a música (pontos, linhas...).
· Jackson Polock: Action Paint. Katarze a pinturas. Ansiedade, sentimento, subconsciente.

BIDIMENSIONALIDADE E ABSTRACIONISMO



Abstracionismo lírico. Opõe ao geométrico. É livre em suas formas, não possui vigor, não agride, propõe uma poesia. No Brasil, os japoneses vão trabalhar com este tipo, que também é gestual.
Abstracionismo expressionista. É solto, sente a passagem do pincel, há densidade de gestos, textura... Há katarze.
Abstracionismo geométrico: é organizado, ritmado; possui formas mais claras e equilibradas, com simetria não forçosamente central; cores que seguram a exemplo das formas cubistas.

TRIDIMENSÃO



Altura, largura, profundidade, frente e verso, 360o.
Escultura: trabalha também com a ilusão da realidade, embora menos que a das pinturas. Ao movimentar, pode-se ver novos ângulos, formas diferentes, transformar-se se apresentando em múltiplas facetas. Traz uma sensação táctil. Onde ela estiver muda-se o local. Olhando-a as ondas são curtas, sem profundidade.
Figuras vazadas: espaços abertos. A escultura trabalha com a nossa visão, propondo modificações.
Reflexo: espalhado devido ao polimento – visão mais demorada.
Construtivismo: por sair do real, já na abstração, portanto, possui equilíbrio, mesmo sendo uma “arte interminável”, com leveza e mobilidade;
Dada e Pop Art: “sátira, banalismo” da arte de uso. “Bolas de bilhar”.
Minimalismo: “Tirar os excessos”.
Land Art: interferência na natureza. A forma limpa. Uma nova linguagem.
Matisse: forma retorcida, linhas sinuosas, mais espaço, textura rugosa.
Max Ernest: vazios, côncavos, convexos, onde o olho passa várias vezes.
Julio Gonzáles: solda de objetos para formar esculturas.
Bruno Jacometi: desenhos escultóricos – espaços.

Referência Bibliográfica.



Dondis, Donis A. Las Sintaxis de la Imagen. 8 ed. Barcelona: Ediciones Gustavo Gill, 1990